Um amazonense na seleção: Marcelinho vive a expectativa de vestir a camisa da Bulgária

Ele está próximo de se tornar o segundo amazonense na história a servir uma seleção principal de futebol (Márcio Silva)
Nunca o tempo passou tão devagar para o jogador Marcelo Nascimento da Costa, o Marcelinho, meia amazonense que virou ídolo no futebol da Bulgária. Próximo de completar cinco anos no país do Leste europeu, o manacapuruense, que veste a camisa do Ludogorets, deve ser convocado em maio do ano que vem para, enfim, realizar o sonho de defender a seleção búlgara de futebol.

Aos 31 anos, Marcelinho, inclusive, já recebeu os primeiros contatos do treinador na seleção da Bulgária, Ivaylo Petev, o mesmo que o levou para atuar no futebol búlgaro, em 2011.

“Há cerca de três meses o treinador Ivaylo Petev me ligou pela primeira vez, ele que foi meu treinador no meus dois primeiros anos na Bulgária... tivemos uma conversa sobre o tempo que eu estava lá. Me disse que iria verificar se já podia me convocar, mas não me garantiu que seria chamado. Mas acredito que se continuar mantendo o meu trabalho, como tem sido feito, estando bem fisicamente, as coisas (convocação) vão acontecer naturalmente”, disse o jogador.

Títulos e reconhecimento
A temporada na Bulgária está na metade e Marcelinho está muito próximo também de conquistar o pentacampeonato nacional búlgaro. De férias em Manacapuru, o jogador comentou o atual momento no Ludogorets.

“Graças a Deus foi um período de muitas vitórias, onde conseguimos conquistas títulos, disputar Liga Europa, a Champions League, e sendo campeão nesses quatro anos e agora liderando o campeonato búlgaro, que está na metade, em busca do quinto título”, disse o meia, comentando que é abordado por torcedores búlgaros pedindo para que atue pelos “Leões” (como é chamada a Seleção da Bulgária).
“Hoje, na Bulgária, as pessoas me param na rua perguntando quando é que vou vestir a camisa da seleção. Não só na cidade de Razgrad, onde é a cidade do meu time, mas em Sófia, que é a capital. Isso me deixa muito feliz, e eu repito, vou ficar muito feliz de também estar representando o Amazonas. Vai ser a prova viva de que no Amazonas também tem muito talento”, explicou o manacapuruense, relembrando dos tempos difíceis no bairro da Terra Preta, onde deu seus primeiros chutes.

“Passa um filme na cabeça. Toda dificuldade que tive. Minha infância foi difícil, mas posso dizer que nunca passei fome. Sou grato a Deus e a meu pai, que sempre se esforçou pra nos dar o melhor. Mas sair do interior do Amazonas e acontecer tudo o que está acontecendo na minha carreira agora na Europa é algo mesmo fantástico”, revelou Marcelinho, apontando as dificuldades de atleta local vencer nos grandes centro do futebol brasileiro.

“A gente que é amazonense sabe da dificuldade que é chegar nos grandes centros de futebol do Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro. E quando acontece isso, ir pra Europa pra jogar uma Champions, Liga Europa... que você consegue sair, e Deus abençoar tanto sua carreira num país, que até mesmo no Brasil é muito desconhecido o futebol, mas foi na Bulgária que as coisas aconteceram na minha carreira. Foi onde Deus escolheu e preparou tudo pra mim”, agradeceu o craque do Ludogorets, que deve retornar a Bulgária no início de janeiro para tentar o quinto título nacional e a tão esperada vaga na seleção búlgara.

Chamado histórico
Caso seja mesmo convocado, Marcelinho se tornará o primeiro amazonense a vestir a camisa de uma seleção principal desde o goleiro Amado Benigno, ainda no início do século passado, quando defendeu o Brasil no final dos anos 1920. Gilmar Popoca, foi o último amazonense a se destacar na Seleção Brasileira olímpica, em 1984.

Marcelinho sabe de que está próximo de marcar seu nome, não só do futebol búlgaro, mas do Amazonas também. “Seria algo histórico pro Amazonas, pra minha cidade. Um manacapuruense, um caboclo que saiu do bairro da Terra Preta, da cidade de Manacapuru, no interior do Amazonas, pra vestir a camisa de uma seleção europeia. Vai ser algo importante pra mim também, pra minha carreira, acredito que quando isso acontecer , se for acontecer, será o reconhecimento do meu trabalho na Bulgária”, pontuou.

O grande feito de uma seleção búlgara aconteceu na Copa de 1994, no Estados Unidos, onde liderados pelo atacante Hristo Stoichkov, os Leões terminaram o Mundial na quarta colocação. A partir de setembro do ano que vem têm início as Eliminatórias Europeias para a Copa da Rússia 2018, e o reforço de Marcelinho é esperado pela imprensa e a população da Bulgária.

“A imprensa de lá e as pessoas na rua me perguntam se eu tenho essa intenção (joga na seleção) e eu digo que sim, que tenho essa vontade. Quando eu fiz meu passaporte eu disse que não era apenas um documento, mas sim, que estava adquirindo um país”, concluiu.

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