Sem campeonatos, boleiros voltam aos estudos e até viram empreendedores

Goleiro Jonathan estuda administração para gerenciar a própria grife de roupas(Euzivaldo Queiroz)
A vida de um jogador de futebol no Amazonas não é das mais fáceis. Sem propostas de clubes do restante do Brasil, os que ficam em nosso Estado tem que se acostumar com a sazonalidade da profissão. E para não ficar parado, uns procuram outras formas de sustento enquanto aguardam algumas propostas - até mesmo para jogar em um torneio amador.

Mas, ultimamente, alguns jovens atletas têm procurado investir a médio e longo prazo no estudo superior, e um dos jogadores que estão na cadeira da faculdade é o goleiro do Manaus F.C, Jonathan Queiroz.

O motivo de estar no primeiro período de administração não é para “fugir” do futebol. Pelo contrário. É para ganhar dinheiro com ele. Há cinco meses, o jogador o criou a própria grife de roupa a “BoleiroSoul” destinado aos amantes do futebol.

“O que motivou criar minha loja foi minha mulher e vimos isso como forma de ganhar uma renda extra. Daí conforme fomos vendendo vimos que aqui em Manaus não havia esse estilo no mercado e decidimos criar a boleirosoul. Ainda não faturamos em grande quantidade, mas a expectativa é muito boa”, revelou Jonathan que desistiu do 3° período de educação física para cair no mundo da administração. “Não é pé atrás, e querendo ou não o futebol é uma coisa passageira. Na melhor das hipóteses devo jogar até os 40 anos e tenho que planejar o meu futuro. E os estudos vão me proporcionar isso da melhor maneira possível”, garantiu.
Entre os treinos no Manaus - a qual tem contrato até o final do ano -, estudos, família e negócios, Jonathan ainda encontra tempo para ir às vendas.
“Temos uma pequena loja, mas nosso foco é mais venda online por meio do instagran e facebook (Jota Dê Futwear) e entregamos em toda a Manaus, até mesmo para facilitar a vida dos clientes que a cada dia cresce mais”, ressaltou.

Na sala de aula
Em busca de um futuro promissor está mais um jogador do Manaus, o zagueiro Fábio Gomes, 28. Desempregado desde o mês de maio, quando fez seu último jogo pelo Manaus no estadual, mas voltou para o clube neste mês para a disputa da Copa Amazonas, o defensor decidiu que depois do futebol, a educação física vai ser o mais novo emprego.

“Eu até tive umas propostas, mas queria jogar por aqui. Mas preferi priorizar a faculdade”, disse o jogador de 28 anos. “Não estou disposto a arriscar um futuro jogando fora do Estado chegando próximo dos 30 anos de idade”, revelou o jogador, que antecipou a faculdade devido às ameaças de desemprego vividas no futebol amazonense.

“A insegurança é muito constante. É uma profissão insegura o tempo todo. Uma hora estamos empregados e outra hora não. Por isso estou na faculdades desde fevereiro”, explicou.

Atrás de um futuro certo está o lateral-esquerdo Rodrigo Ítalo, 32. Há mais de um ano em Manaus, o jogador alagoano está noivo há dois e decidiu cursar jornalismo enquanto não recebe uma proposta para um novo clube. 

“É estudar para ter um futuro mais certo. E esse mais certo é trabalhar o ano todo, ter um calendário o ano todo e receber em dias, sem atrasos”, afirmou o agora universitário, que está no primeiro período.

A espera de propostas
No aguardo de propostas convincente e de valor, o volante Roberto Dinamite também decidiu há algum tempo não ficar dependente do futebol.

Embora esteja longe de encerrar a carreira, o jogador não conseguiu um novo emprego em um outro clube depois que atuou pelo Fast no primeiro semestre e decidiu ficar mais próximo dos “empreendimentos” conquistados com o salário ao longo da carreira.

“Eu tinha algumas situações para assinar com alguns clubes para a Copa Amazonas, mas em termos de salário não foi bom. Estou apenas treinando e cuidando de um restaurante que tenho com um amigo e agora estou mais próximo. Infelizmente nosso calendário só da vaga para um time disputar o segundo semestre e obriga o restante dos jogadores a ficarem parados”, declarou.

Aproveitando as “férias” está o autor do primeiro gol na Arena da Amazônia, o atacante Nando.

O jogador ainda não recebeu nenhuma proposta. “Estou curtindo as férias. Tem que ficar em casa como foi no ano passado, mas estou esperando convites”, admitiu.

Depois de tentar a carreira no Paraná, o atacante Junior Lacraia assinou com o Princesa para a disputa do estadual. Sem clube desde a final do torneio, Lacraia cuida dos negócios com a esposa e também disputa o Campeonato Amazonense de Futsal pela Tuna Luso.

“O profissional está parado aí as vezes eu vou jogar com eles. Esse é o problema do nosso futebol. Acaba o primeiro semestre e depois fica sem nada no segundo”, lamentou.

Ex-companheiro de time, o ex-volante do Princesa, Delciney não pensa em voltar para o futebol. “Eu prefiro ficar com minha mulher e meu filho. Tenho minha mão que me ajuda e mãe nunca deixa um filho na mão”, afirmou.

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