Dissica promete obedecer CBF e limitar mandato de presidente na FAF
Dissica disse que não está estimulado a tentar mais um mandato depois de 26 anos no comando da FAF.Foto: Arlesson Sicsú/Acervo-DA
Há 26 anos no cargo, segundo o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), o presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Dissica Valério Tomaz, decidiu, agora, após ‘recomendação expressa’ da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), limitar o tempo de mandato na entidade, que passará a ser de uma eleição, com possibilidade de uma recondução.
“Nós vamos fazer (a mudança estatutária). Eu não estava na reunião (na CBF, que definiu a limitação de mandatos), mas tínhamos representantes”, disse o dirigente da FAF, que estava na Nova Zelândia, onde chefiou a delegação da Seleção Brasileira Sub-20 que foi vice-campeã do Mundial da categoria. “Eu não penso em ficar no cargo mais do que esse meu mandato e, possivelmente, mais um, até porque quem está nesse mandato não seria afetado (com a nova recomendação), pois teria direito a mais duas eleições. Mas, no momento, não estou muito estimulado a isso”.
O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, citou outro entendimento sobre a mudança estatutária, em entrevista à Agência Brasil, logo após a reunião do dia 11 do mês passado. “Pela experiência que eu tenho, quando um governador assume, mesmo que seja por dez meses ou dois anos, em substituição, ele tem aquele mandato que falta e mais um mandato. É muito claro no artigo que foi aprovado, que é um mandato e uma reeleição valendo para todos”.
A mesma explicação foi dada pelo vice-presidente da CBF, Marcus Vicente. “Um mandato com direito a uma recondução. Vale a partir de agora. Inclusive, há uma recomendação expressa no próprio estatuto que votamos, de que as federações acompanhem a decisão”. Por outro lado, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Noveletto, interpretou da mesma forma que o cartola amazonense. “Uma mais uma. Não vale a que já está em vigor”.
Dissica disse que foi contrário à inclusão dos times da Série B do Brasileiro na eleição da CBF, apesar de não ter comparecido à reunião. “Mas o colegiado aprovou. Defendi isso porque, será que os clubes das Séries C e D não são profissionais? Por que só os da Série B tinham que ganhar o direito de votar? Enquanto isso, os da Série C e da D ficam com direito a apenas um voto, o das federações que os representam? Os votos das federações deveriam ter um peso. Os 15 clubes do Amazonas, por exemplo, ficam com um voto só, o da FAF? Os clubes das Séries A e B já têm muitos privilégios”, afirmou.
Explicação sobre permanência
O presidente da FAF, Dissica Valerio Tomaz, admitiu também que se manter no cargo, principalmente após a Copa do Mundo, foi uma estratégia para evitar que um novo gestor se aproveitasse da estrutura pós-Mundial. “Eu sempre disse que depois de uma Copa do Mundo, quando nós finalmente passamos a ter uma estrutura boa, não poderia, de uma hora para outra, largar tudo. Chegaria qualquer pessoa aqui, faria o futebol acontecer e falariam que ‘o Dissica é incompetente’ e essas coisas. Sem lembrar que nós jogamos, até o ano passado, na situação que todos sabem: em campos como o Sesi e outros que não eram muito agradáveis. Para mim, que sou do esporte desde ‘nenenzinho’, ficaria ruim sair. A minha saída (após a Copa do Mundo no Brasil) poderia ser muito usada por pessoas que não simpatizam muito com a minha administração”, comentou Dissica.
Males para o bem
Além de mudar o estatuto, como já havia feito anteriormente para se atualizar e adequar a documentação interna às leis vigentes no País, a FAF responde, na Justiça, pela segunda vez, questionamentos do MP-AM. Na primeira ação, já arquivada, o MP-AM pediu a atualização do regimento da federação e a regularização das ligas de futebol que tinha direito a voto no pleito da entidade e, agora, o órgão fiscalizador exige prestação de contas quanto ao repasse de dinheiro público.
Dissica se mostra tranquilo e, inclusive, tem o plano de convidar o MP-AM para as próximas assembleias de prestação de contas da FAF. “Há coisas que aconteceram e que nos ajudaram. Por exemplo, a primeira ação (do MP-AM) fez com que nós tenhamos, hoje, 42 ligas de futebol regularizadas”.
Surpresa com prisão de Marin
Quanto à viagem que fez a Nova Zelândia, chefiando a delegação da Seleção Brasileira Sub-20 no Mundial da categoria, no qual foi vice-campeã, Dissica disse que muito do que vivenciou pode ser compartilhado com os clubes do Amazonas para melhoria das categorias de base e do próprio futebol profissional.
“Já conversei com o Nacional sobre isso. É o clube do Estado que está com a estrutura e administração mais profissional. Mas é preciso que, paralelo a isso, haja uma comissão técnica do nível de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul. Não adianta gastar R$ 300 mil por mês e não ter uma comissão técnica com fisiologista, fisioterapeuta, nutricionista, preparador físico qualificado, um cozinheiro para seguir a orientação do fisiologista e do nutricionista. É preciso gastar também com isso. Eu já fui a três competições de base (com a Seleção Brasileira) e foi isso que eu vi”, disse o presidente da FAF, que afirmou ter programado, para este ano, um seminário de cinco dias com a comissão técnica da Seleção de base. “Estava tudo acertado, mas houve a mudança de comando e o (Alexandre) Gallo, com quem eu tenho uma relação mais próxima, saiu”.
Apoiador da atual gestão da CBF e das anteriores, com a de José Maria Marin, que está preso, na Suíça, sob acusação de corrupção, Dissica se disse surpreso com as prisões de cartolas ligados ao futebol.
“Eu o apoiei, sim, e vejo com muita tristeza porque eu nunca tomei conhecimento (sobre algo ilícito), a não ser naquele ‘negócio’ da medalha (na Copa São Paulo de Juniores do ano passado, em que foi flagrado guardando uma medalha no bolso, enquanto entregava a premiação), que foi dada para ele. Eu, em toda competição, guardo uma medalha. No caso dele, deu aquele azar, que foi flagrado, em cima da hora. Eu, por exemplo, ganhei uma medalha (no Mundial da Nova Zelândia). E o que aconteceu com o Marin também foi isso. Ele foi deputado e governador e nunca ninguém ouviu falar nada sobre ele (corrupção). Então, para todos nós, foi uma surpresa”.
Fonte: d24am.com
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