Em clima de 'tira-teima', Nacional e Princesa fazem 3ª final seguida no AM

Nacional e Princesa se preparam para fazer a terceira final consecutiva do Campeonato Amazonense. A cada ano, o duelo ganha mais rivalidade, e o embate desta vez tem ares de "tira-teima". Os dois jogos na Arena da Amazônia prometem "pegar fogo", porque além do título, uma vaga para a Série D de 2016 está em questão. Cada um com suas características, seus pontos fortes e fracos, medindo forças na grande final do Estadual.
Nacional e Princesa decidiram o Campeonato Amazonense pelo terceiro ano seguido (Foto: Isabella Pina)

NA HISTÓRIA
A terceira final consecutiva (entre as mesmas equipes) não é uma novidade no Campeonato Amazonense, mas aconteceu em raras oportunidades na competição. O recorde é da dupla Rio-Nal. Do Período entre 1982 e 1987, Nacional e Rio Negro decidiram o campeonato por seis temporadas consecutivas. Na oportunidade, o Leão ficou com 4 taças, enquanto o galo abocanhou as outras duas.

Outra sequência de finais histórica é a do confronto entre América e Fast, que decidiram a competição nos anos de 1956, 1957 e 1958, ainda no período amador do campeonato, o que acabou abrindo caminho para o histórico tetra do Mequinha, em 1959, diante do Nacional, título com tamanho peso para o clube que rendeu até menção no hino do clube. 

Este será o primeiro "hat-trick" de finais em toda a história entre Nacional e Princesa, uma vez que esta é também a primeira oportunidade na qual o time de Manacapuru chega à terceira decisão seguida. Em 1995, o Nacional foi o algoz do Princesa na primeira finalíssima de estadual alcançada pelo Tubarão.

O TÍTULO DO PRINCESA
Em 2013, o Princesa voltava à decisão do Amazonense após 16 anos e um vice dolorido diante do São Raimundo (em 1997). O adversário da vez era o Nacional, equipe que vivia um momento fantástico na Copa do Brasil. Após vencer o primeiro jogo no estádio Roberto Simonsen, em Manaus, por 3 a 1, o Tubarão foi surpreendido em pleno Gilberto Mestrinho, em Manacapuru, ao ser derrotado por 2 a 0. Nos pênaltis, brilhou a estrela do goleiro Luis Paulo na vitória dramática por 7 a 6, que garantiu o primeiro título amazonense do Princesa.
Capitão Rondinelli com a taça (Foto: Adeilson Albuquerque/GLOBOESPORTE.COM)

Princesa do Solimões 0 x 2 Nacional
Local: Estádio Gilbertão, Manacapuru 
Data: 26/05/2013 
Horário: 16h (17h de Brasília) 
Árbitro: Wilson Seneme (Fifa-SP)

Princesa: Luís Paulo; Clemilton, Marraquete, Cleyton He-man e Rondinelle; Gelvane, Deurick, Vinícius, Nando (Edinho), Toró (Delciney), Marinelson. Técnico: Marcos Píter.

Nacional: Jairo; Amaral (Andrezinho), Rocha, Rafael Morisco e Bigu (Dieguinho); Denis Santos, Dinamite (Charles) e Danilo Rios; Felipe, Leonardo e Garanha (Lídio). Técnico: Aderbal Lana.

A REVANCHE DO NACIONAL
Em 2014, o Nacional tinha o objetivo de voltar a Série D do Brasileiro. Após ser eliminado da competição em 2013 pelo Salgueiro com um empate em casa, ficou o gostinho de que o time poderia ter ido mais longe. Para isso, vencer o estadual de 2014 era essencial, mas o caminho era de pedras. Recuperar a confiança do time que chegou às oitavas de final da Copa do Brasil não era fácil e, por isso, Aderbal Lana foi incumbido da missão. Ele próprio precisava se recuperar, após uma campanha ruim em 2012 com o Princesa e o vice com Nacional em 2013, mas acabou demitido no meio do caminho para a contratação de Sinomar Naves, que foi com a equipe até o fim da competição.
Nacional campeão 2014 (Foto: Isabella Pina)
Na final do segundo Turno, o até então invicto Princesa chegava podendo ser campeão de forma adiantada, sem precisar disputar a grande final. Porém, o Nacional venceu os dois jogos da decisão de forma épica e manteve viva a disputa.

Com os dois jogos no Roberto Simonsen, em Manaus, o Nacional tinha como vantagem o calor da própria torcida, mas acabou perdendo o primeiro jogo por 2 a 0. Mas o que já parecia um título certo para o Princesa, acabou se tornando uma das maiores viradas do futebol amazonense. Precisando fazer três gols, o Nacional fez cinco e mesmo tomando um ficou com o título. O lado triste foi que o futebol jogado em campo ficou em segundo plano depois de uma briga generalizada entre jogadores, dirigentes e torcedores ao fim da partida.

Nacional 5×1 Princesa do Solimões
Local: Estádio Roberto Simonsen, o Sesi – Manaus
Data: 24/05/2014 
Horário: 15h (16h Brasília)
Árbitro: Antonio Carlos Pequeno Frutuoso

Princesa: Milton; Deurick, Lídio, Thiago Brandão e Clayton He Man (Marinélson); Rondinelle, Amaralzinho, Michell (Baé) e Fininho; Nando e Branco (Edinho Canutama) Técnico: Marquinhos Píter 

Nacional: Wagner; Daylson (Nando), Índio, Rodrigão e Jeferson Recife; Negretti, Bruno Potiguar e Éder; Léo Paraíba (João Douglas), Felipe Capixaba (Luan) e Leonardo. Técnico: Sinomar Naves

EM 2015
No campeonato deste ano, o Nacional é o dono da melhor campanha geral e pelo menos neste quesito já não pode ser alcançado. Dono de uma trajetória memorável, o Leão da Vila Municipal chegou a conquistar 15 vitórias seguidas. Entre elas o triunfo por 1 a 0 em cima do Princesa, marcado mais uma vez por uma confusão entre jogadores do Tubarão e torcedores do Leão. No segundo turno, em um jogo mais tranquilo, que já não interessava para ambas as equipes, uma nova vitória do Nacional, desta vez por 2 a 0. Na disputa pela taça, o Leão da Vila Municipal joga por dois resultados iguais.

EXPERIÊNCIA X JUVENTUDE
Lana e Zé Marco ficam frente a frente na final do Barezão 2015 (Foto: Isabella Pina/Marcos Dantas)
Os duelos individuais entre Nacional e Princesa começam no banco . De um lado, um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol amazonense: Aderbal Lana, de 69 anos. De volta ao Nacional este ano, Lana, que acumula títulos estaduais e nacionais na carreira tentará ser campeão mais uma vez, e terá pela frente o jovem Zé Marco, de 34 anos. 

A diferença de 35 anos entre os dois treinadores colocará frente a frente as táticas, estratégias e estilos de ambos. Lana é mais contido, por exemplo, e prefere falar com os jogadores exclusivamente para dar instruções, enquanto Zé Marco vive cada instante do jogo como se ainda fosse jogador, o que contagia seus atletas.

Taticamente a competência dos dois é incontestável. Enquanto Lana é frio e calculista, utilizando a própria experiência para não movimentar uma só peça sem propósito, Zé Marco trabalha com o que tem nas mãos mexendo sempre com a motivação e o coração dos jogadores, quebrando favoritismos e certezas.

JOVENS CRAQUES
Nos dois jogos da decisão, todos os olhos e lentes estarão apontados para eles, que podem fazer a diferença e separar os campeões dos vices. Pelo princesa, o nome é Léo Paraíba, que pode até não ser o artilheiro da competição, mas traz em cada um de seus sete gols marcados até aqui o peso de resolver jogos importantes. Foi dele o gol da classificação sofrida e heroica diante do Fast.

No Nacional, Charles é a grande esperança que faz o torcedor do Leão esperar o 43º título estadual. Depois de chegar com a competição em andamento, o jogador se tornou a grande referência da equipe, tanto pelos passes quanto pelos gols (10 ao todo). 

HORA DA VIRADA
Criticados, mas adorados. Edinho Canutama e Leonardo tem uma relação de amor e ódio com as próprias torcidas há algum tempo. Enquanto alguns os consideram ídolos, a "turma do amendoim" não perdoa quando o "taco espirra" ou a fase não é boa. E para atacante, tem cura melhor para má fase que gol do título? Se há um momento oportuno para recuperar o crédito de gregos e troianos, este é a grande final. 

OS XERIFES
A palavra forte, o grito de incentivo, a postura. Nacional e Princesa chegam à final do Amazonense também por contarem com boas defesas. E é geralmente de lá que saem os líderes do time. Marício Leal no Leão e Gilson no Tubarão são exemplos de excelentes zagueiros que "seguram o rojão" nos momentos difíceis, dentro e fora de campo. A missão de não deixar nada passar é difícil, mas encarada por maestria pelos xerifões da grande final.

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