Clubes do Amazonas podem ficar sem Colina e Zamith em 2015
Uma 'bomba' movimentou os bastidores do futebol amazonense nesta quinta-feira (26): os clubes do Amazonas podem ficar sem os estádios da Colina e do Carlos Zamith para a temporada 2015. O coordenador do Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICC-R), coronel Dan Câmara, enviou um ofício à Fundação Vila Olímpica (FVO) solicitando interdição dos estádios para adequações físicas e reformulação nas despesas de quadro móvel, com o objetivo de fortalecer a segurança nos locais. Os clubes alegam que, dentro das condições propostas, os jogos nos COTs da Copa serão financeiramente inviáveis para o restante da temporada.
O Portal Amazônia apurou que os novos valores sugeridos para a promoção de eventos nos estádios são semelhantes aos que o Nacional arcou no último domingo (22), contra o Paysandu, no estádio da Colina. Na ocasião, um público pagante de 2.794 pessoas rendeu ao clube amazonense uma arrecadação de R$ 75.040. Entretanto, as despesas de R$ 75.485 superaram o lucro. Entre os gastos, aparecem R$ 11 mil apenas com tendas e gradis e R$ 12,5 mil com segurança privada.
No início da temporada, a Fundação Vila Olímpica (FVO) fez uma readequação no quadro móvel dos três estádios da Copa – Arena da Amazônia, Colina e Zamith – para que os clubes locais pudessem utilizar as praças sem prejuízos financeiros. Não à toa, em apenas seis rodadas do estadual, a Colina já recebeu dez jogos e o Zamith nove.
De acordo com o ofício enviado por Dan Câmara, este é o padrão de quadro móvel a ser seguido para todos os jogos na Colina e do Zamith, incluindo os do Campeonato Amazonense de Futebol. O ofício também sugere pequenas adequações físicas nos dois COTs para que qualquer tipo de evento aconteça dentro das medidas de segurança propostas pelo CICC-R.
O presidente da Associação dos Clubes Profissionais do Estado do Amazonas (ACPEA), Cláudio Nobre, criticou fortemente a medida. Ele alega que os clubes amazonenses não tem condições de arcar com as despesas propostas. “Não dá pra fazer tudo isso com público de 500 pessoas, que é a média do nosso campeonato. A gente tem um campeonato com 102 anos de história e nunca tivemos nenhum incidente. Isso é falta de bom senso. Se for desse jeito, é melhor fazer um campeonato de portões fechados”, disparou Nobre, que também é vice-presidente do Fast Clube.
“Eles [CICC-R] exigem um quilômetro de gradil, 900 lanches, banheiros químicos fora do estádio, coisas fora da nossa realidade financeira. Fazer esporte no Amazonas tá cada vez mais difícil por conta disso. Um monte de gente que nunca viu esporte na vida quer fazer muitas coisas só para atrapalhar o esporte”, complementou Nobre.
As novas adequações são vistas com preocupação pelas autoridades esportivas do Amazonas. Isto porque o Estado recentemente foi 'presenteado' pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com um verdadeiro lobby para receber as Olimpíadas. Desta forma, caso as interdições da Colina e do Zamith sejam oficializadas, os dois estádios estariam impossibilitados de receber quaisquer competições promovidas pela CBF, como a Copa do Brasil. Inclusive o jogo do Nacional contra o Bahia, válido pelo torneio nacional, está marcado para a Colina no dia 4 de abril.
O presidente da Fundação Vila Olímpica (FVO), Aly Almeida, disse ao Portal Amazônia que as medidas não podem ser vigoradas sem o consentimento do governador do Amazonas, José Melo, e da comunidade esportiva amazonense. “A exigência do CICC deve passar pelo governador e pela aprovação de quem trabalha com o futebol, que são os clubes, a associação e a federação. Se aquilo for aprovado, aí sim será acatado”.
Defesa
Ao Portal Amazônia, Dan Câmara negou que a intenção seja inviabilizar partidas de futebol nos dois estádios “Não é um parecer do Dan Câmara. Isso é fruto de um planejamento integrado entre o CICC, as Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Manaustrans, SMTU e vários outros órgãos federais, estaduais e municipais”, destacou.
“O que nós encaminhamos está respaldado pela legislação. No Estatuto do Torcedor está previsto quais os requisitos mínimos para a realização de um jogo oficial”, complementou Dan Câmara.
O coordenador do CICC-R destaca que a intenção é fortalecer a segurança nos dois COTs. “Nós temos toda boa vontade para que os eventos aconteçam. Mas as pesquisas deixam claro que um dos fatores que afasta o espectador do estádio é a insegurança. Penso que, se nós investirmos em segurança para esse ambiente, a quantidade de torcedores vai aumentar”.
Dan Câmara também afirmou que os clubes não precisam ser consultados para a aplicação das medidas. Ainda segundo ele, a sugestão do CICC-R é que os estádios sejam interditados até que clubes e organizadores de eventos se adéquem às novas medidas de segurança. “Os clubes estão cientes que a lei vem sendo descumprida e os locais não possuem a estrutura adequada. Se não houvesse a formalização disso, isso ia continuar acontecendo até que houvesse um incidente e nós fôssemos responsabilizados”, afirmou o coordenador.
O impasse entre clubes e órgãos de segurança só deve ser solucionado na próxima segunda-feira (30), quando o presidente da FVO, Aly Almeida, participará de uma reunião com os representantes do CICC-R.
Clubes 'quebrados'
Os clubes de futebol do Amazonas vivem uma situação financeira delicada. Isto porque o repasse do Governo para os clubes locais, estimado em R$ 250 mil para cada equipe da primeira divisão estadual, ainda está 'travado'. O Portal Amazônia apurou que clubes como São Raimundo e Nacional Borbense estão com salários atrasados.
“Todo mundo já estourou a cota, exceto o Nacional e o Princesa, que ainda tem verbas do ano passado. Tá todo mundo urrando, precisando do dinheiro”, disse Cláudio Nobre. O presidente do Manaus Futebol Clube, Luís Mitoso, afirmou ter feito empréstimos pessoais para arcar com os salários dos jogadores. “O campeonato é longo, de seis meses, e o custo naturalmente é muito grande. Com certeza todos os clubes estão passando pelo mesmo problema”, afirmou.
Já o Penarol precaveu-se e montou um orçamento 'prevendo' o atraso no repasse governamental. Entretanto, a cota da equipe também já está estourando. “Ano passado foi a mesma coisa e a gente se programou pra manter o time até meados de abril. Não tem faltado nada em questões de alojamento, estrutura, tá tudo ok. Mas se atrasar ainda mais, aí pode complicar”, disse a presidente do clube, Patrícia Serudo.
Fonte: portalamazonia.com
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